Eu odiava sopas quando criança. Sopa para mim era o sinônimo de canja, eventualmente com arroz ou aquela massa cabelinho de anjo, comida de doente. Eu não gostava do sabor.
Tomei sopa em pós cirúrgico, tomei sopa em dias de intoxicação alimentar. Tomei sopa aos 16 anos quando, me achando gordinha, fiz a famigerada dieta da sopa. Em dias de gripe, tomei sopa. Eu não gostava mesmo de sopa.
Em algum momento, li sobre sopas cremosas, bem diferentes daquelas em que tem um caldo quente, bem parecido com água, e as outras coisas boiando nela. Aquilo me pareceu uma excelente ideia, e foi assim que uma vez ou outra, experimentei sopa.
Fui logo para sopa de milho com parmesão, depois sopa de batata com alho-poró (quem não leu Julie&Julia e começou justamente por este prato?), um belo dia fui num festival de sopas e gostei das opções que vi por lá.
Parti para aquelas com muitos ingredientes de sabor forte: mandioquinha com queijo, abóbora com carne seca, sempre batendo tudo ao final para ter uma textura rica e aveludada.
Hoje em dia, cheguei ao ponto de um ano atrás ter servido uma opção de sopa na minha festa de aniversário! E “pior”, estou ansiando pelo momento em que o tempo vai de fato esfriar o suficiente para que eu possa comer todas as que gosto mais!
No Dia dos Namorados desse ano, preparei essa sopa de abóbora com cogumelos. Na realidade, estava meio descapitalizada por assim dizer, e quis me ater ao que tinha em casa. Ficou uma delícia cremosa, extremamente temperada, e que pode ser variada quase que à exaustão. Veganos podem fazê-la sem usar queijo ou manteiga, carnívoros podem adicionar a carninha que gostam mais. Meu boy, que não é o mais entusiasmado do mundo por abóbora, comeu muito alegre!
SOPA DE ABÓBORA COM COGUMELOS (2 porções generosas)
1 abóbora paulista descascada e cortada em fatias (cerca de 300g)
2 dentes gigantescos de alho
1 ramo de alecrim fresco
100g de cogumelos frescos (ou 50g dos secos)
50g de queijo da sua preferência (eu usei parmesão no dia dos namorados – e no dia seguinte, usei Feta)
Açafrão a gosto (usei bastante)
salsinha e cebolinha frescas a gosto (usei pouco)
MODO DE PREPARO
Corte a abóbora em fatias ou pedaços bem pequenos. Quanto menores, mais rápido irá cozinhar. Coloque numa panela com o alecrim (só as folhas, sem o ramo) e água até cobrir, e cozinhe com a panela tampada até ferver. Quando ferver a água, abra a tampa e cozinhe destapado até a abóbora estar bem macia. Desligue o fogo, acrescente o alho e bata no liquidificador ou mixer. Alternativamente, amasse tudo com garfo ou amassador de batatas (neste caso precisa picar o alho), mas não ficará lisinha e cremosa.
A textura é ao seu gosto: eu prefiro um creme bem denso, que ao esfriar vira reboco. Se isso não lhe agrada, ponha menos água. Se perceber que ficou ralo, ligue o fogo novamente e deixe engrossar. Somente ao atingir essa textura, adicione o sal, e os temperos secos de que gosta (usei os pistilos de açafrão num lapso de riqueza, mas podem ser pimentas, ou outras especiarias do seu agrado – eu uso e gosto muito também de noz moscada ralada).
Com a panela desligada e tampada, refogue os cogumelos numa frigideira com manteiga com uma pitada de sal. Se forem os secos, não precisa nem refogar, só espremer bem após hidratar, pois eles puxam muita água.
Finalize a preparação para servir: adicione o cheiro verde fresco somente quando for comer, pois eles são sensíveis e com o calor perdem textura e sabor. O queijo coloque na hora de servir sobre a sopa quentinha. Se tiver um maçarico, use para tostar melhor o queijo – dá um sabor defumado incrível! E por cima de tudo, os cogumelos que deixou à parte.