Eu sou uma pessoa completamente dependente de sol. Se por ventura não fizer calor, está tudo relativamente bem, mas não dou conta de dias que não amanhecem, de chuva, e de frio então nem se fala.
Vocês podem imaginar que tenho passado por semanas ligeiramente miseráveis, esperando o tempo melhorar. Checo a previsão todos os dias, ansiosamente. Vivo à espera de dias mais quentes, ou pelo menos, dias mais claros, com luz do sol e sem essa neblina deprimente que dá uma sensação de que o dia não é de verdade.
Mas aí, passou julho, chegou agosto, e nada de neblina, umidade e frio pararem de aparecer. E eu fui vendo, gradativamente, que aquele incômodo também ia deixando lugar vago, que eu poderia preencher com algumas fontes de satisfação.
Comecei a me agarrar aos pequenos pontos de luz e de calor que o dia oferecia. Nos piores dias de neblina, ainda tivemos uns minutos que fossem de Sol rasgando as nuvens, geralmente no horário do almoço. E tirando essas horas, eu comecei a criar alguns estratagemas para me sentir melhor:
– primeiro, eu olhava todos os dias a previsão do tempo. Após constatar que não ia dar Sol nem calor, eu olhava, no total do dia, a hora prevista para ter Sol, ou um pouco mais de abertura no céu. E planejava, informalmente, cuidar de nestes horários sair para ir na academia, passear com meu cachorro, comprar alguma coisa no mercado, enfim. Absorver ao menos a luz, já que calor não havia;
– fazia atividades físicas. Nos dias em que a gente menos quer, geralmente, é quando mais estamos precisando. Com o cachorro, sempre tenho motivo de descer e dar uma caminhada pela praça, mas também aproveitei para correr na esteira da academia (e não só fazer musculação), e nos dias em que não quis sair de casa, no colchonete mesmo, fiz alongamento e uns abdominais no chão;
– ligar o forno. Não importa o que fazer lá dentro: pode ser um bolo, um filé de frango, umas batatinhas. Eu liguei o forno quase todas as noites, para o calor se espalhar, e receber o reconfortante cheirinho de algo assando lá dentro;
– ingerir cores solares. Eu sei que esse pode ser um papo de hippie, mas quanto mais sem cor o dia vai lá fora, mais colorido/quente eu faço meu prato. É sopa de abóbora, purê de cenoura, lentilhas vermelhas, pimentões vermelhos assados, tomates bem madurinhos grelhados no azeite e alecrim… Enfim, tudo o que vai nessa paleta, me apetece mais comer;
– beber (muito) chá. Dentro da mesma lógica do forno ligado, onde tem uma água fervendo, tem mais calor sendo gerado. Para o frio, meus prediletos são os chás de maçã com canela (duas fatias de maçã com um pauzinho de canela e um dente de cravo), e gengibre com limão e mel, para o caso de estar me resfriando;
– ler livros, assistir filmes e séries ambientados no mesmo clima. Um negócio que definitivamente não me ajuda, é ficar relembrando aquelas férias em Natal, pensar no verão passado, seguir gente na internet que está em Mykonos, e por aí vai. Semana passada, devorei numa sentada só um livro ambientado em Londres, e no decorrer do romance, a autora mencionava a umidade, a neblina, e a história dos personagens se passando naquele cenário me confortava. Assisti a segunda temporada de Anne With an E quase toda, ambientada no frio canadense. Parece que me ajudou a repensar como a vida continua, sabe? A gente vive, faz nossas coisas, independentemente do tempo lá fora;
– arquitetura da disponibilidade. Levantar com a noite lá fora é duro, a falta de luz prejudica meu despertar. Então, comecei a ligar o abajur de minha cabeceira todos os dias ao soar do despertador (5h50). É uma luz bem suave, de lâmpada amarela, que clareia o ambiente de forma a me ajudar a entender que logo vou sair. Passei a usar duas meias, para ao pisar no chão quando levanto, não ter aquele baque (e uso chinelos e pantufas, óbvio). Nos piores dias, coloquei o roupão que em geral uso pra sair do banho, perto de mim no quarto. Liguei o aquecedor no banheiro, e uns 2min antes de entrar no chuveiro, deixei um pouco de água quente cair no chão, melhorando também a temperatura do box sob meus pés. Tenho uma manta no sofá, para permanecer na sala. Coloquei um tapete lá, também, além de um tapete no chão ao lado da cama;
– na falta de calor, ar puro e luz. Por fim, todos os dias em que houve um pouquinho de Sol que fosse, coloquei todos os cobertores e travesseiros expostos na janela. Para eliminar os ácaros, para dar uma renovada no ambiente e também nos tecidos, sabem? Por menos que dê vontade de abrir a casa, todos os dias escancarei as janelas, nem que fosse por poucas horas (quando choveu). Ao entardecer, fechava tudo e havia uma sensação mais aconchegante, de casa com o ar renovado!
Espero que o inverno passe rápido, mas se não passar, vou continuar usando mais ou menos essas ideias aqui. Por fim, essa playlist do Spotify é excelente para entrar no clima de inverno e aconchego. Escuto quase todos os dias de manhã, e nos dias mais invernais, escutei de noite também!
[…] incomodada com o mau tempo, o frio e a vontade de estar num lugar mais quentinho e agradável (o que até gerou essa postagem aqui, com 8 passos para sobreviver ao frio), eu certo dia, simplesmente olhei pela janela do trabalho, abri o navegador e comprei uma passagem […]
CurtirCurtir
[…] hábitos ou tem outros no inverno? Em 2018, eu escrevi alguns dos que eu recomendava, e você pode ler aqui. Ainda estão válidos para mim, na sua maioria. Me conta como está atravessando o inverno nos […]
CurtirCurtir