Mês passado, passei duas semanas trabalhando em São Paulo. Fiquei na República, que era mais prático para o trabalho que ia realizar, mas nada prático para dormir bem (região barulhenta a noite toda), e nem tão seguro assim, especialmente de noite.
Além disso, tive uma treta cabulosa com o meu host do Airbnb, mas nem quero contar isso aqui, porque o que importa é que, ao final, o site ficou a meu favor e contra ele. Mas passei dias de ódio no coração enquanto isso.
Daí que no meio das atividades, aproveitei, na medida do possível, para comer em lugares diferentes, afinal, São Paulo é o mundo. E dessa vez, eu acabei indo por lugares diferentes dos costumeiros, e conheci coisas novas. Abaixo a minha listinha dos que conheci, e o que mais gostei (ou nem tanto) em cada um deles:
Mundo Pão do Olivier – o Olivier Anquier, aquele francês charmoso que tem programa de TV, tem também dois estabelecimentos ali na Praça da República. Queria muito ter ido no restaurante do Rooftop, mas acabei destinando o orçamento pra outras escolhas, então, aproveitei a proximidade e comi na padaria. Fica no térreo também do edifício Esther e não é nada mimosa: parece uma espécie de loja, umas mobílias laranjadas meio modernosas (feias), mas cheia, repleta de pães de fermentação natural (e outros que não são também). Comi obviamente o de fermentação natural, de azeitonas, e são deliciosos, macios e complexos. Uma curiosidade, é que o fermento dele não é o levain – é um fermento de 72 anos de idade, que começaram a cultivar em sua família lá na França ainda, e tem um sabor mais suave, menos azedo. Adorei! O preço é alto (uns R$8 por uma baguette de 200g em média), mas considero compatível com a qualidade;
Oguru Sushi – uma noite, atravessei a cidade inteira e fui parar em outro mundo, o do Itaim Bibi, para comer esse sushi livre de que tinha ouvido falar tão bem. Cheguei 21h, esperei quase uma hora inteira ali fora (com sofazinhos e podendo pedir bebidas), e finalmente quando entrei, não me arrependi de nada: são peças extremamente frescas, bem cortadas, combinações deliciosas (tem vieiras, tem polvo!) e ideias gourmet. Os sashimis maçaricados com raspas de limão siciliano e azeite trufado é maravilhoso! Eu e o boy pedimos umas 4 vezes. Tudo muito bem-feito, incrível. O ambiente é pequeno, e fica bem barulhento. A iluminação é bem fraquinha, a música é alta, e rolam vários drinks – não é só um restaurante, ele tem uma proposta de ser mais descoladinho e nada intimista. Mesmo assim, achamos maravilhoso, e queremos voltar! Se não me engano, custava R$89 por pessoa, e todas as noites tem promoções de bebidas. Na quinta-feira, era Moscow Mule em dobro, mas achei a espuma doce demais;

Rinconcito Peruano – esse eu já conhecia, e não via a hora de voltar, ainda mais estando bem do ladinho. Comemos ceviche mixto (um combinado de vários peixes e frutos do mar), e chaufa de arroz, e é maravilhoso além de barato! Cada prato é uns R$40 mas serve com muita fartura duas pessoas. Levamos a marmita para comer em casa, pois não aguentamos tudo. Não recomendo ir sozinha por conta disso. Os garçons eram todos imigrantes, super simpáticos e o ambiente bem colorido – acho legal dizer isso, porque a história do dono do Rinconcito também é muito bacana. Ele era camelô em São Paulo e começou com uma barraquinha de comidas, agora já tem três filiais e me parece que também um bar. Ver que além de prosperar, ele ajuda conterrâneos a trabalhar aqui no Brasil, foi um ponto positivo a mais;
Vovô Ali – também pertinho de mim, na República, tinha esse libanês super tradicional, que serve as comidas que já conhecemos: quibe, esfiha, pastinhas, pão sírio. Eu comi um combinado, que tinha pão com 5 acompanhamentos: hommus, babaganoush (que já dei receita aqui ó), quibe cru, coalhada e tabule. Custa R$25 e você pode trocar algum dos acompanhamentos por mais uma porção daquele que gosta, ou por um quibe frito. É bem servido, e honesto. Não me fez chorar de emoção, mas não errou, então eu provavelmente voltaria;
Casa do Norte do Martinho – meu querido amigo Urso me levou para comer nesse lugar num dia de almoço: é só comidas nordestinas, aquelas que se consideram até exóticas (sarapatel, buchada, entre outras) e aquelas que conhecemos mais. Tem sucos de todos os tipos, das frutas deliciosas e incomuns aqui no sul – matei minha saudade de suco de cajá lá! É todo decorado com artesanatos sertanejos, alguns objetos e guloseimas à venda inclusive, um atendimento bem simpático, e também buffet a kilo para quem não quiser pedir a la carte. Eu pedi para poder provar: uma carne seca desfiada com feijão verde, outra coisa que amo e não é tão acessível por aqui, achei o tempero pouco ousado. Vem muito bem-servido, come-se bem mesmo, e os pratos custam entre R$30 e R$40 – talvez dê para dividir em dois;
Momo Lamen – na minha última noite, jantei na Liberdade pela primeira vez – costumo ir lá sempre para almoçar. Queria comer um yakisoba, mas a pressa me fez optar por esse restaurante de Lamen, que fica na primeira descida à esquerda para quem sai da Praça do metrô e da feira (acho que é a rua dos Estudantes). Já na primeira quadra, à direita, esse ambiente bem moderninho e muito parecido com as casas de lamen que fui em Tokyo em 2016. Tem bastante opções, tomei um caldo cuja opção de proteína era a guioza, achei bem-feito. Não achei barato, era tudo na faixa de R$35, como vem na tigela, só come um. Mas enche, não vou negar, afinal, a tigela vem bem cheia;
Padaria Palma de Ouro – amo esse negócio de padoca em SP. E comi mais pão na chapa nesses 15 dias do que no resto do ano inteiro, em tudo que foi padaria que passei, mas quis registrar essa padaria que vou há tantos anos e gosto muito! Tem buffet (e é uma delícia no almoço e janta), tem sopa, tem lanche, tem prato a la carte, tem suco e café, tem doce, é um amor! Morro de saudades do apartamento da minha amiga Natasha, e de ir na padaria tomar uma sopinha com ela. Preços mais altos, mas tudo bem gostoso e bem-feito, além de ter uns painéis lindos com fotos antigas de SP;
Pizzaria Angelo – amigos do boy levaram a gente para passear na Mooca, onde eu nunca tinha ido, e comer uma pizza nesse lugar tão tradicional. Tudo muito simples, muito honesto, e uma pizza bem gostosa. Comemos a portuguesa deles, era excelente. Sem firula, a pessoa também pode pedir por fatias, no balcão de pé, se quiser.
Teve mais um monte de lugares, pelos quais só passei e almocei ou tomei um café, comi um pedaço de bolo, mas que não me marcaram. Tem mais um monte de outros que listei, mas dessa vez não deu tempo, e por sorte, sempre tenho motivos pra voltar e lugares novos para ir!