(Obviamente, trata-se de um relato pessoal, e não uma orientação ou prescrição a ninguém).
Já escrevi algumas vezes aqui sobre o fato de que eu estou em tratamento para depressão (aqui, aqui, aqui – clique e vá para os textos anteriores). Tentei dois medicamentos e só acertei no segundo, sendo que precisei aumentar a dose após um tempo. E fui implementando melhorias na minha vida.
A vida voltou a fazer sentido, fiquei mais tranquila e voltei a apreciar os sabores simples como sorrir para um céu bem azul, uma gracinha que meu cachorro faz, ouvir uma música de que goste. Estava realmente num momento de auge, me sentindo novamente no domínio das minhas sensações, quando por total coincidência, comprei o mesmo remédio de sempre (substância e dose igual), só que de outra marca.
E aí, nos primeiros dias, já comecei a reparar que estava novamente sentindo os efeitos colaterais que tinha no início da medicação: total falta de apetite, sonolência terrível, um pouco de enjoo. Mas por estar num momento muito feliz, não achei que o efeito principal estivesse prejudicado.
Só que estava.
Mais alguns dias passados, eu comecei a me ver de novo sem a energia para realizar minhas atividades. Chegando em casa exaurida, com dificuldade para pegar no sono e para acordar de manhã. Continuava sem apetite e meio enjoadinha. Comecei a ficar irritada por nada, sem vontade de conversar.
E aí vasculhei a internet procurando explicações para isso, e muita gente dizia em fóruns que isso acontecia. Que o meu medicamento, em especial, tinha gente que simplesmente não conseguia usar o do laboratório que eu usava. Já o meu médico, da minha mais absoluta confiança, foi taxativo: o medicamento era ótimo e o laboratório super confiável.
No entanto, uma pessoa dizia que para obter o mesmo efeito, teve que dobrar a dose no início, sofrer muito com os efeitos colaterais, e estando numa fase mais agravada do transtorno, ficou super instável emocionalmente. Uma colega minha, que trabalha na área, disse que acontecem sim oscilações na mudança de marca, embora sejam somente relatos anedóticos.
Cientificamente, não há nada comprovado. Mas eu percebi que estava notoriamente perdendo o efeito conquistado com meses de dedicação a melhorias de vida, por meio mês de medicação trocada.
Financeiramente, estava tentando manter a decisão: comprei duas caixas do Desve (da Eurofarma), cada uma por R$82, bem mais em conta do que os R$140 que se pratica na venda do Elifore.
Até que ontem, depois de chegar atrasada no trabalho pela quarta vez na semana, quando recebi uma mensagem do meu namorado perguntando se eu queria ir ao cinema, eu tive vontade de bufar. Marquei consulta com uma médica que fica no mesmo prédio em que eu trabalho, a um elevador de distância, e cogitei ir direto embora pra casa, tamanho o meu cansaço.
Cansei de dar murro em ponta de faca, expliquei a ele que estava mal, não poderia ir no cinema, e me forcei a ir para a consulta. Fiquei uns 10 minutos na recepção, esperando ser chamada, estirada num sofá lendo gibis. Estava completamente esgotada.
Paguei por mais uma caixa de remédios (sério, já posso ser acionista da farmácia, de tantos investimentos que fiz no último mês), e hoje voltei ao medicamento anterior. Dormi por cerca de 19h entre ontem e hoje, e acordei ligeiramente melhor, só de alívio.
Ingeri hoje a primeira cápsula. Ainda não sei o que vou fazer com os outros remédios que comprei, mas provavelmente, doar ao médico que me acompanha, assim ele pode distribuir a quem não pode comprar.
Eu me considero uma pessoa de sorte, que com rapidez identifico quando algo está muito fora da ordem. Que posso comprar os remédios, que são muito caros. Que posso explicar em casa que não estou me sentindo bem, e receber apoio. Que posso me atrasar no trabalho, e compensar as horas após o expediente. Esses privilégios me fazem ter uma chance maior de sucesso nessa jornada.
Acho que fica aí uma lição, de ter sempre as antenas bem sintonizadas para o que vai acontecendo por dentro. Estou sem psicoterapia há cerca de 6 meses, e tomei essa decisão por vários motivos. Só que com isso, assumi a responsabilidade integral de elaborar a respeito de tudo que me vai por dentro. Não que eu dê conta da tarefa integralmente. Mas eu me escaramuço, sempre.
O conhecimento médico é geral, mas só a gente se conhece intimamente. E precisa dar essas informações para o profissional, se quiser ter uma chance maior do tratamento funcionar.
[…] sua vez, dispararam minha herpes. Tive também uma oscilação com meu antidepressivo, que contei neste post. Tudo isso minou minhas energias, foi preciso descansar MUITO. Quando digo muito, foi muito […]
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[…] primeira vez, peguei uma licença médica enorme, que me levou ao INSS. Troquei o medicamento, amarguei um tempão até conseguir um equilíbrio sobre os efeitos colaterais (conto sobre isso ness…mas mantive o tratamento, sentindo os benefícios do efeito […]
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