Bimini – Bahamas

Quando decidi ir a Miami (viagem que já relatei minimamente aqui nesse post), fiz o que sempre faço para planejar minhas viagens, e devassei a internet em busca de dicas, passeios e principalmente, vídeos no youtube, que são mais realistas do que as belas fotos que se podem editar.

Foi bem aí que comecei a pirar sobre possibilidades de bate e volta no Caribe, descobri que existiam milhares de cruzeiros, considerei Key West como uma possibilidade para a gente… E acabei vendo sobre o ferry boat que leva turistas diariamente à ilhazinha de Bimini, nas Bahamas.

Pausa para a vergonha de eu lhes dizer, que pensava que Bahamas era mais um estado americano. Até o dia que embarquei, pelo menos, já havia corrigido essa gafe!

Foi tudo extremamente simples e tranquilo, porém caríssimo, não vou negar. Paguei 190 dólares numa cotação absurda, só podia fazer por cartão de crédito ou boleto, sem as parcelas amigas que nós brasileiros estamos habituados.

De todo modo, 6h da manhã daquela quarta-feira de novembro, me desloquei num micro ônibus até Fort Lauderdale, e fomos deixados exatamente no portão em que embarcaríamos. Após uma espera de aproximadamente 2h, pois chegara com antecedência, o embarque iniciou.

Coisa simples, fila única, igualzinho de avião. Em pouco tempo, já estava lá dentro do Ferry, sentindo o convidativo cheiro do café americano fraco que as cafeterias vendiam. Claro que as poltronas próximas à janela logo lotaram, mas tinha um deque. Depois de passear um pouco ali por fora, me acomodei numa poltrona (igualzinha a de avião em tudo, inclusive no desconforto) e esperei a travessia acontecer.

Levou cerca de 2h mesmo, sem atrasos e sem excesso de balanços. Ainda abriu o Duty Free, pequeníssimo, um balcão de rodoviária, com alguns poucos itens. Haviam dois bares/lanchonetes, cujos preços eram ok.

Ao chegar em Bimini, era notável a beleza estonteante do lugar. Você tem vontade de se atirar dali de cima do ferry mesmo, tamanha a profundidade do turquesa. Aí, em breve, desembarcamos e com tranquilidade passamos pela imigração, que na realidade, nem consulta nada. Se você conseguiu embarcar, desembarcar é o de menos.

IMG_7699
De cima da ponte, saindo do porto.

A única diferenciação que fazem é desembarcar em momentos separados quem vai pernoitar, e quem foi de bate-e-volta. Pelo que vi, a única diferença seria se a pessoa tomou ou não a vacina da febre amarela. De todo modo, nós do bate-e-volta saímos primeiro.

Saindo do porto bem simples e pequeno, já nos esperava uma espécie de “trenzinho” de golfe, bem comprido e que conforme vai lotando, vai indo embora. Esse trenzinho nos leva ao hotel Hilton, e no final do dia, faz o trajeto inverso. Super confortável.

Chegando lá, eu já sabia que nos era autorizado usar as piscinas do Hilton, e que também um ônibus ficava o dia inteiro indo e voltando dali para a praia, para facilitar a vida dos hóspedes. A praia era perto, mas não o suficiente para caminhar.

(foto piscina hilton)

Dei uma perambulada pelo Hilton, mas logo me convenci de que deveria tomar o ônibus e ir para a praia. Por 70 dólares a diária, fiquei sem meu carrinho de golfe. Poderia ter tentado me entrosar e encontrar uma parceria para o aluguel, mas estava viajando SOZINHA. Se eu quisesse companhia, teria convidado alguém de que gosto para ir comigo, em primeiro lugar.

Então, desembarquei nesta que compete diretamente com as águas de Arraial do Cabo. O azul profundo, turquesa, transparente contra as areias branquinhas era o maior bálsamo que meus olhos poderiam receber. Fiquei eternamente estragada para as praias brasileiras…

BIMINI
Consegui até o voo lindo nessa foto!

Comecei a caminhar, batendo fotos, procurando onde me estabelecer. Haviam diversas espreguiçadeiras (do Hilton) e alguns guarda-sóis. Até me sentei um pouco no início, para poder passar meu filtro solar e ajeitar a mochila. Mas queria me afastar para fazer as minhas fotos, e por isso, saí andando a esmo.

Em poucos minutos, já havia me distanciado da muvuca, onde ficaram a maioria dos banhistas, algumas ofertas de esportes aquáticos (banana e parapente, se não me engano), e apareciam aqui e ali umas casinhas mimosas. Sonhei com poder veranear numa casinha dessas, acordar e meu quintal de casa ser aquela praia paradisíaca!

CONCHA DE BIMINI
Se vocês olharem bem de perto, verão o bichinho vivo ainda dentro da concha

Mais ou menos naquela altura, abandonei a mochila na areia (a praia é completamente segura, por sinal) e entrei nas águas. A água é fresca, mas não gelada. Ainda não consegui mergulhar, precisei voltar, bater mais fotos das conchinhas lindas e tão perfeitas que encontrei lá, e então sim, finalmente, mergulhei de cabeça.

Nadei, boiei, mergulhei, mas principalmente, contemplei muito aquele azul infinito. O mar lá é tão lindo, que faz o céu parecer sem graça. Olhar pra cima perde o significado, diante daquelas águas tão cristalinas. Larguei o dedo de tanto bater fotos!

MERGULHO EM BIMINI
Usei uma capinha dessas de celular, comprada em Arraial do Cabo – aprovada!

O sol lá era abundante, por sorte ou porque é a regra, não tinha nenhuma nuvem no céu. No entanto, com os mergulhos o calor era leve, aceitável perto do mar, com uma brisinha bem fresca. Voltei sem ter me queimado.

Aproveitei para usar meu snorkel, inútil desde a viagem de Arraial do Cabo. Até cheguei a cogitar não usar, pensando que talvez eu já tivesse visto tudo o que havia para ver, tão clara é a água de cima. Fico feliz de ter pensado “não carreguei isso nas costas o dia todo pra não usar”.

A vida marinha é de uma diversidade completamente diferente da nossa, os peixinhos têm outras cores e formatos. As lindas conchinhas, que tanto aparecem na areia, também estão flutuando no fundo, junto dos corais. Achei que estava vendo um coral, era um emaranhado de algas cheio de peixes, ouriços e um lindinho cavalo marinho.

Quando achei que já estava bem, voltei à concentração de pessoas, fiquei próxima da parada de ônibus e ainda passei umas boas horas lá no sol, lendo meu livro, aproveitando mesmo o dia de praia.

PARADISE BEACH BIMINI
Levei dois biquínis para poder ficar sequinha na volta.

Voltei ao hotel quando quis almoçar, por volta das 15h30. Entrei no restaurante e pedi uma salada de camarões, gostosa porém não notável. Lá fora, pedi um bolo de rum, que a vendedora me disse ser típico de lá. Era gostoso, ainda que muito doce para o meu paladar.

SALADA DE CAMARÕES HILTON
Tipo uma Caesar Salad, só que com camarões.

No fim do dia, cansada, pegamos de novo o trenzinho aberto, para retornar ao porto. Novamente, toda a estrutura já estava pronta para que nós embarcássemos, passamos e em menos de meia hora, todo mundo já dentro e navegando.

Fiquei lá fora, olhando a apoteose do céu, enquanto gradativamente, ia me despedindo das Bahamas e retornando aos Estados Unidos.

HILTON BIMINI
Piscina do Hilton no entardecer – esse rooftop é adults only, borda infinita e um bar ao lado.

Pontualmente 2h depois, descemos, e lá, uma fila de imigração novamente. Verificaram meu visto, e demorou por volta de uns 30min. Aparentemente, aqueles 3 guichês estavam ali apenas para o nosso ferry.

Ao sair, aguardando o ônibus que nos levaria novamente a Miami, vi que de nada adiantou ser ligeira, e ficar próxima do início da fila. O ônibus super parceiro só foi embora quando todos os passageiros chegaram. Foi aí que entendi porque alguns passageiros simplesmente pediram um uber e foram embora, demora muito mais.

Como não estava para pagar 57 dólares por um transporte que inclusive já havia pagado, aguardei pacientemente (e com um pouco de fome, só havia aquelas maquininhas de salgadinhos e refrigerantes, e eu comi um cheetos apimentado). O trajeto entre Fort Lauderdale e Miami é lindíssimo, mesmo no escuro.

Ao total fiquei mais 14h em função desse bate-e volta, entre ir até o porto e voltar. Isso para passar menos de 8h na ilha, pagar em dólar, e ser tudo caríssimo.

Mas sabe o que eu sinto? Que valeu cada centavo, e se pudesse, iria novamente no dia seguinte!

Cada respirada funda que dei naqueles ares, mesmo navegando, foram curativos e renovadores. A beleza profunda dos azuis, a beleza das pessoas tão diferentes da gente, o colorido das casinhas e até os arbustos tão diferentes (é outra vegetação) são maravilhosos.

O som melodioso das vozes e sotaques tão diferentes dos nossos, dá um prazer completamente distinto nos ouvidos e na minha imaginação. Destilo as frases, expressões e diálogos entrecortados com um prazer equivalente ao de um bom espumante, minha bebida predileta desde sempre. Me surpreendo, como uma criança se surpreende ante coisas completamente frugais da vida, ao notar que “eles realmente falam igual aos filmes!”.

Uma mulher negra com suas duas filhas de trancinhas, que foram conosco no transfer, conversavam animadamente no trajeto. A mulher, cuja voz era grave e tinha uma autoridade moral inquestionável perante as meninas, falava num tom autoritário, porém afetivo com elas.

Um garotinho muito loirinho, de roupinha comprida na praia, com sua mãe muito branca e uma irmã mais velha, não parava de chorar. Sua mãe, percebendo que nada o fazia ficar quieto, murmura “buddy, I think you need some sleep”, com um tom meio choroso dos americanos, que é afetivo e eu só havia ouvido em filmes e seriados.

Sorrio, por mais esse pequeno presente, que me foi dado sem que eu pedisse por ele. A ilha de Bimini ficará gravada para sempre em meu coração, como um lugar de cura, sorrisos, descobertas e mergulhos claros (na água e em mim mesma). Lá, eu tive até coragem de ser grosseira com um estranho! (um russo chato, que queria que eu batesse fotos dele e ainda questionava meu enquadramento e as opções que lhe dava. Bufei e o mandei embora, afinal de contas, estava de férias e cada minuto que passava com ele, eram minutos das minhas férias em dólar).

Se isso couber no seu roteiro, enfie. Se não couber ainda, faça caber. Eu tive de abrir mão de conhecer Brickell, de conhecer Key Biscayne, entre diversos outros bairros e até museus que eu gostaria de ver visto melhor em Miami. Mas foi demais! Só vá!

 

 

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