A primeira vez que vi uma imagem da Escala de Bristol, foi em 2017, numa pré-consulta de nutricionista. Preenchi um formulário prévio com hábitos de alimentação, sono, frequência de evacuação e as 7 opções de cocô para eu colocar a mais próxima do meu hábito.
Achei aquela ilustração muito pedagógica, mas segui minha vida e os anos se passaram. Até o fatídico junho de 2018, quando torturada pelas azias, fui atrás de um gastro que a resolvesse. Daí ele começou também a me perguntar muito sobre o meu ritmo intestinal, e eu comecei a perceber que meu ritmo não era tão bom assim.
O que eu achava que era um intestino que funcionava, era na realidade um intestino bem inflamado e muita intolerância a lactose no seu grau mais alto. O que eu sempre chamei de “estômago alto” é na verdade distensão abdominal – e não é legal, ou normal.
Tratamentos foram, voltaram, dietas mil, ainda tenho muitas questões que preciso cuidar. A síndrome do intestino irritável, que foi o meu diagnóstico final por exclusão, está sempre aqui meio me rondando.
Eu agora cuido muito mais da minha alimentação, pois em termos de intestino, mesmo as comidas saudáveis podem me fazer muito mal (tipo ovos, abacate, maçã). Priorizo comer alimentos cozidos, principalmente à noite. Perdi a pira de enfiar fibras na minha comida, no meu caso elas podem acabar causando constipação, ou mesmo um desarranjo.
Saladas são uma eventualidade, não uma obrigação. Feijões são um evento raro, enquanto arroz é quase que um obrigatório. Bastante gorduras neutras, como ghee e azeite de oliva.
E como é que eu fui descobrindo esses alimentos?
Além de testar tirar muita coisa, e depois ir reinserindo, eu também monitoro os meus cocôs. Tipo, todos os dias. Estamos em 15 de junho e eu anotei absolutamente todos os cocôs que fiz.
No meu planner, diariamente, eu escrevo qual foi o padrão, baseado na Escala de Bristol. Aí, em caso de alguma irregularidade, consigo voltar certinho no episódio ocorrido e entender o que provavelmente causou o evento.
Também anoto outros sintomas, tais como gases, azia, cólicas ou dores de cabeça (elas muitas vezes cursam com o intestino). E vou comparando os dias, semanas e meses.
Eu não sei por quanto tempo ainda pretendo monitorar diariamente os meus cocôs. Provavelmente esse ano inteiro, ou até sentir que melhorei bem. Que meu ritmo intestinal está confortável. Talvez para sempre eu anote, já que isso é realmente um indicador para mim.
Pessoas saudáveis de fato, que não têm problemas digestivos maiores, talvez gostem só de monitorar durante uma semana ou duas. Identificou o padrão, segue com a vida. Mas eu desconfio que algumas pessoas podem descobrir que seu ritmo intestinal não é tão saudável assim.
Estou numa fase muito feliz e estável com meu intestino. Percebo bem direitinho quando desarranjo, e infelizmente é sempre que eu bebo álcool em excesso. Também é nesses dias que eu costumo me alimentar com itens mais inflamatórios, porque o senso crítico decai.
Se você não achar isso intimidade demais, me conta nos comentários: como vai o seu intestino? Você tem algum hábito que cursa com o funcionamento dele? Algum alimento que é indigesto? Vamos nos ajudar!