Como eu comecei a guardar dinheiro

Eu sempre me interessei pelo assunto de finanças pessoais – particularmente, porque não recebi essa educação em casa. Ou na escola. Ou em lugar nenhum, como (quase) todo mundo.

Então sem nenhuma educação financeira, muitos desejos e um repentino acesso a crédito, eu me meti em todas as confusões possíveis, desde o meu primeiro estágio em 2003, de R$300 por mês, na Prefeitura de Florianópolis.

Vou encurtar a história com um resumo verdadeiro: durante 18 anos da minha vida, eu fiz dinheiro e tive renda, mas não guardei nada.

Até que esse ano chegou, e antes da pandemia chegar, eu tinha muitos planos: casar, viajar de lua de mel, viajar mais. Então já havia uma meta ousada de guardar R$1mil todos os meses.

Pausa para enxugar as lágrimas de tanto rir.

Janeiro passei pagando as despesas de dezembro (com o Natal e a viagem para Miami). Fevereiro, passei pagando as despesas de janeiro, que foi mais apertado justamente por causa de dezembro. Março, tudo finalmente ajeitado, o dinheiro ia ser guardado, mas a pandemia começou.

Meu namorado ficou desempregado, literalmente, da noite para o dia. Eu passei a pagar todas as despesas da casa, o que só foi possível, porque havíamos nos comprometido a economizar para o casamento. Eu não estava tendo despesas variáveis, mas a minha fixa dobrou.

Ainda assim, em maio “sobrou” R$28 na minha conta. Transferi para a Nuconta, só pelo símbolo. Pensei que qualquer soma era melhor do que nenhuma.

Em junho, assim que recebi, separei R$100 logo no início do mês, e não recorri a esse valor. Meu namorado havia voltado a trabalhar, achou a ideia legal e “casou” mais R$100 com o meu.

Em julho, não consegui separar logo no início. Aí em agosto, agoniada que estava, fui lá e separei R$200. Fiquei muito feliz, mas agosto não termina nunca e eu já estava com receio de ter que mexer na recém iniciada reserva.

Foi quando eu descobri que havia sido posta de férias compulsoriamente. A Empresa percebeu que minhas férias iam vencer, e do nada surgiu um dinheiro na minha conta. Aí eu já imediatamente coloquei R$1mil na Nuconta.

Em setembro, de volta ao trabalho, só guardei R$50 que havia sobrado. E em outubro, com um desconto no meu salário, não guardei tampouco. E inclusive mexemos na reserva pela primeira vez – houve uma viagem, e usamos esse recurso para pagar alguns passeios.

Em novembro, terminei de usar a reserva para pagar meu curso de terapeuta ayurveda. Graças a ter poupado essa reserva, não me apertei com a mensalidade do curso, que optei por pagar em menos vezes para receber desconto.

Agora, no início de dezembro, estamos de mudança. Aquele primeiro mês é sempre uma loucura, dois aluguéis e despesas diversas para colocar tudo em ordem. Mesmo assim, tenho expectativa de recomeçar a poupar ainda em dezembro.

Sei que parece pouco para muitos, mas é imenso para mim. O hábito, o princípio de primeiro guardar, depois ver se é preciso gastar. Pensar no quanto custa alguma coisa no total, e não na parcela. Não ter parcelas depois de adquirir alguma coisa… Eu nunca soube muito bem como eram essas coisas na prática, só de ler nos livros.

Claro que jamais desejei isso para o mundo, mas a pandemia me possibilitou repensar no que eu gastava meu dinheiro. Em casa, sem ficar o tempo todo entrando no booking para ver onde eu poderia passar um final de semana ou feriado, já com mil férias imaginárias projetadas na mente, ou indo “tomar um café” só por vontade de sair de casa.

Aliás, só de parar de almoçar “rapidinho” em algum lugar em plena quarta-feira no horário de serviço, e realmente comer o que tem em casa, ler os livros que estão em casa e curtir a casa, o dinheiro começou a sobrar em volumes surpreendentes.

E a verdade é que eu nem me divertia tanto assim nessas “saidinhas” da rotina que eram tão rotineiras quanto a própria rotina!

Ainda tenho tanto a melhorar. Mas como nunca havia sentido esse gostinho, não resisti a compartilhar aqui a sensação de ter conseguido tirar um objetivo aparentemente tão simples do papel. Espero que ninguém precise ler um texto desses, mas se precisar… espero que ajude!

3 comentários em “Como eu comecei a guardar dinheiro

  1. Oi Thaís.
    Assim como vc, aprendí educação financeira com as necessidades da vida.
    Mais pra frente, pretendo juntar para dar entrada em uma casinha ou apto… Não sei como vai ser, mas eu olho ofertas de venda de imóveis o tempo todo.
    E é isso mesmo. Educação financeira também é autoconhecimento!
    Fico muito feliz que vc seja capaz de refletir sobre isso.
    No mais, escrevi sobre a sua sopinha delícia, que eu simplesmente amo!
    Beijos

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  2. Nossa, vários comentários lá no meu brogui!haha
    Saiba que é recíproco. É muito bom te ler! Eu tbm adoro experimentar receitinhas e fazer adaptacoes.
    Sobre o chuchu, eu tbm detesto, mas precisei incluir na dieta pq é bom para pressão e colesterol.
    Sobre a separação, não era segredo, mas veio acompanhado de muita troca de acusações. Posso te contar um dia sem problemas. Ele passou para professor na Federal do Maranhão e não soubemos lidar com a distância….

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