Eu queria escrever sobre muitas coisas mais – na verdade, está nos meus planos há várias semanas, mas um probleminha de login me manteve afastada dessa plataforma.
Então julguei que uma listinha com os livros que mais gostei de ler em 2020 poderia ser bacana para agradecer às coisas que tive condições de conhecer nesse ano tão estranho, mas que gostei muito dessa parte.
Nunca havia tido tanto tempo, depois de adulta, para me dedicar aos livros, e tirei vários projetos da gaveta. Eu anotei os títulos que li ao longo do ano no meu Trello, e descobri que atingi um número impressionante: 55 livros, sem contar as reprises.
Claro que faltou ler muitos outros, e que nem todos eram difíceis ou mesmo considerados bons. Mas os livros me fazem companhia, e me transportaram para inúmeras realidades diferentes, e isso me faz bem desde sempre.
Esse ano durou tanto tempo, que alguns eu não lembrava mais que haviam sido lidos nesse ano!
Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway – estava disponível no kindle unlimited, e como “a pessoa que quero ser” lê mais desse autor, peguei emprestado e adorei. É um relato de um militante que vai explodir uma ponte na Guerra Civil Espanhola, e o livro todo se passa em menos de uma semana. É bonito e simples, descreve os dilemas de cada pessoa naquelas condições extremas, as decisões que vão tomando e as suas justificativas;
Em Busca da Cura, Marcus F. Pessoa – esse livro é a história real da primeira viagem de Laura Pires (a terapeuta ayurveda mais famosa do Brasil) para ser internada em um hospital na Índia e começar o tratamento de esclerose múltipla. Para quem não conhece, a medicina indiana ayurveda (que por sinal estou estudando e já comentei aqui) tem tratamentos e procedimentos para a maioria das doenças de hoje, e quando ela não teve mais esperanças aqui, nem em outros países do ocidente, resolveu dar uma chance a essa ciência milenar. É lindo, conta não só sobre como foi a jornada dela, mas também como foram os choques culturais deles com os indianos, dá um gostinho dessa vivência que eu espero ainda conseguir fazer;
O Jardim Secreto, Frances H. Burnett – a maioria das pessoas com quem conversei sobre esse livro já assistiram o filme, antigo, que está disponível só no youtube. Mas o livro é muito mais bonito, por ir traçando uma semelhança entre as 4 estações do ano em um jardim, e o efeito delas nos seres humanos. A importância da luz, da água, de ter contato com a natureza e mesmo das coisas mais triviais, como uma briga entre dois primos crianças. O livro é de 1911, mas é notório que os personagens principais sofrem de sofrimento psíquico severo, e ao longo de um ano, todos vão se curando, de uma forma simples, gradual e muito apoiada nos ciclos da natureza. Dá esperança na gente, especialmente naqueles que sofrem de depressão ou outro transtorno mental;
Vagina, Uma Biografia, Virginia Wolf – um livro imensamente sábio e que toda mulher deveria ler e reler várias vezes! Mistura conhecimentos técnicos e científicos sobre a saúde e a sexualidade da mulher, os obstáculos ao prazer, à saúde de forma integral, alternativas de tratamentos e maneiras de conduzir a vida. O livro é imenso e você nem sente o tempo passar, de tanto que é dinâmica a leitura.
Casa de Alvenaria, Carolina Maria de Jesus – é uma continuação do diário da mesma autora do Quarto de Despejo, que aparentemente voltou a ser lido pelas gerações que estão prestando vestibular. É absolutamente necessário, uma escrita que chega a ser ingênua, nos íntimos pensamentos de Carolina, mas ao mesmo tempo impressionantes. Os dilemas pelos quais ela passa, a quantidade de obstáculos que ela segue enfrentando, mesmo quando já tem renda, notoriedade e prestígio. Mostra que não adianta ela sozinha conseguir romper o ciclo da pobreza, mostra como continua sendo puxada e as contínuas tentativas de fazê-la não se desenvolver, não se realizar.
Vulgo Grace, Margaret Atwood – esse livro me deixou perturbada e sem dormir para conseguir terminá-lo. É sobre a Grace, uma mocinha muito jovem que cumpre pena num presídio de “reabilitação” no Canadá, por ter assassinado o seu patrão. Ocorre que o comportamento dela é impecável, e algumas pessoas resolvem lutar pela sua libertação, e contratam um psiquiatra que tentaria explicar o que houve com ela, já que ela foi condenada sem provas. Os diálogos, os relatos, são todos muito bem escritos e dão a sensação amarga e angustiante de que a vida dela é uma sucessão sem fim de banalidades, de exaustão completa, e de que ela foi vítima de todos os descasos possíveis. Apesar disso tudo, a história tem reviravoltas incríveis, o efeito que ela finda por causar por quem ela passa é muito fascinante e nada óbvio.
A maioria desses livros, eu “emprestei” no kindle unlimited. Sempre encontro coisas interessantes para ler por lá, e acaba valendo para mim manter essa assinatura, não sei se vocês concordam. Mas em tempos de estar em casa, é preciso refletir sobre o que manter em casa na versão física, para voltar a ser lido.
Você já leu algum desses? Divide suas leituras comigo!